António Cunha nasceu em Beja em 1968. Começou a fotografar em 1980, tendo sido bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian de 1989 a 1992. Foi fotógrafo de campo com Michel Giacometti, nas suas recolhas etno-musicais entre 1986 e 1990. Exerceu funções no Ministério da Cultura, que deixou em 1998.
Participou em várias exposições colectivas e realizou exposições individuais, tanto a nível nacional como no estrangeiro. Estagiou com vários fotógrafos como Jean Dieuzaide, Claude Nori, Gilles Mora, Philippe Salaûn, Franco Fontana, Eikoh Hosoe e Willian Klein. Participou em conferências com Sebastião Salgado ou Bruce Davidson, entre outros. Entre outros, produziu um catálogo de fotografia para a Expo 98, sobre a presença dos portugueses na Índia. Os seus trabalhos estão presentes em inúmeros catálogos, publicações de instituições como os CTT e o Museu de Mértola, nos jornais Público, Diário do Alentejo e Sol, e em revistas, como a Grande Reportagem, na qual trabalhou por mais de duas décadas, a Focus, a Volta ao Mundo, Monumentos e a National Geographic.
David Freitas (1902-1990) era natural de Loulé. Fotógrafo amador desde os 14 anos, inicia o serviço militar em 1923, integrando a banda filarmónica do regimento (ingressou no exército como músico nas bandas da GNR e de Caçadores 5 e fundou e participou em várias orquestras ligeiras). A sua prática de fotógrafo amador intensifica-se a partir de 1934, em Faro, possuindo uma câmara escura em casa, onde faz diversos trabalhos de reportagem. Em 1940, já em Évora, começa a trabalhar em fotografia para a Livraria Nazareth.
Profissionalizou-se em 1946, após a reforma do exército e vai dirigir, a convite de António Nazareth, a Fotografia Nazareth, passando a ser proprietário da mesma em 1958.
Nos anos 60 fica proprietário do estabelecimento - Óptica Freitas - , onde irá desenvlver a sua actividade até finais da década de 1970.
Esta associação que foi fundada no final da primeira metade do século XIX surgiu num período em que uma nova ordem social se afirmava no Portugal de oitocentos. A formação do espaço público e a emancipação da burguesia como grupo social alteraram as práticas sociais e os hábitos de sociabilidade dos europeus. Embora a cidade de Évora não fosse um centro urbano de grande dimensão, gerando-se uma condição de periferia que diminuía os ritmos da mudança, foram surgindo, na segunda metade do século XIX, várias associações ou Clubs que já anunciavam os tempos de autonomização da burguesia.
O tempo e a convivência foram modelando os contornos em que crescia a SHE. As actividades diversificaram-se, e à Música – que teve a primeira secção organizada na Sociedade – juntaram-se novas práticas e hábitos de convívio. O Teatro, os Jogos de cartas, o Bilhar e o Ciclismo fazem parte da história da Sociedade já desde o final do século XIX, tudo isto é testemunhado pelo espólio arquivístico – fotográfico e estritamente documental - que ainda hoje subsiste. Na viragem do século, a SHE era uma colectividade florescente e relevante na vida da cidade de Évora, afirmando-se como o espaço de sociabilidade preferencial de uma elite cultural que provinha da pequena e média burguesias urbana.
A Sociedade foi durante muito tempo um espaço predominantemente masculino, onde se liam jornais e revistas tanto portugueses como estrangeiros – espanhóis e franceses - onde se discutia o curso da vida política do País e das guerras, onde provavelmente se digladiavam facções nos tempos conturbados da Primeira República. Não se pode dizer que a Sociedade tenha assumido posições de conjunto em relação aos regimes políticos que vigoraram ao longo dos primeiros 125 anos de existência, contudo não é difícil admitir que a SHE assumiu passivamente uma posição colaborante com os três regimes políticos existentes durante esse período de existência.
Durante o Estado Novo, sob um controlo eficaz por parte do Estado, as associações e colectividades viam a sua actividade fiscalizada. A dinâmica cultural decresceu e a componente puramente recreativa assumiu importância quase exclusiva, eram agora os bailes, as quermesses, as homenagens, os jogos de bilhar e de cartas a preencher o tempo dos associados e das suas famílias. Era pois, um reflexo natural das práticas políticas e culturais das décadas de 40, 50 e 60.
Os anos posteriores ao Período Revolucionário e à consolidação da Democracia Parlamentar foram difíceis para a SHE. As propostas de associação decaíram e a actividade tornou-se rotineira e exclusivista, resultante, talvez, de um longo período de engajamento com as propostas recreativas de uma administração muito conservadora. Porém, na última década a Sociedade recuperou importância na vida da Cidade e a sua sede voltou a ser um espaço privilegiado de convívio. Reabilitando a localização da sede que ocupa desde 1902 e revitalizando a sua agenda, a SHE deixou de ser um espaço de convivência exclusivamente masculino, assistindo-se a uma crescente confluência de gerações no espaço da Associação.
(fonte: http://soc-harmonia.blogspot.com/2009/02/pequenos-passos-de-uma-historia.html)